Campus de Goiabeiras - Vitória

Arte e Cinema sob a Perspectiva do Político

O curso de extensão Arte e Cinema sob a Perspectiva do Político (45h) será oferecido gratuitamente no Cine Metrópolis às quartas-feiras, de 13h às 16h, de agosto a dezembro de 2016, pela professora Gisele Barbosa Ribeiro (Departamento de Artes Visuais e Programa de Pós-Graduação em Artes do Centro de Artes da UFES).

Gisele Ribeiro é artista, pesquisadora e professora do Departamento de Artes Visuais e do Programa de Pós-graduação em Artes da UFES. Com mestrado em Linguagens Visuais pela UFRJ (2002) e doutorado em "arte e esfera pública" pela Universidad de Castilla-La Mancha na Espanha (2010), sua pesquisa tem como foco as implicações políticas da arte. Atua no grupo de pesquisa PLACE da UFES com a linha de pesquisa "A arte e o político".  

A metodologia do curso consiste em exibições de obras situadas no limites entre os campos da arte e do cinema, seguidas de discussão e análise envolvendo os participantes. O curso está dividido em 4 módulos. As vagas disponíveis estão condicionadas à lotação da sala, e estarão abertas à comunidade acadêmica e ao público em geral, com emissão de certificados acima de 30 horas de presença. Deve-se observar que a bibliografia é sugerida, mas não essencial ou condicionante para o acompanhamento dos debates, já que entende-se os próprios filmes como fontes (textuais, inclusive) para reflexão.

O curso propõe uma reflexão sobre a relação entre os campos da arte e do cinema, tendo como foco a reflexão sobre o político, tanto do ponto de vista dos temas tratados quanto do modo como as propostas artístico-cinematográficas se estruturam materialmente. Questões relativas à configuração de espaços públicos como construções de identidade, relações econômicas e ordens políticas serão tratadas a partir de experiências fílmicas e debatidas juntamente a uma visão crítica dos aspectos textuais, sonoros e imagéticos que configurariam a arte nesses espaços.

Programação

Dia 17/08: Aula 1

Luttes en Italie (Lutte in Italia), de Grupo Dziga Vertov 
(ITA/FRA, 1970, cor, 59')
Com: Anne Wiazemsky, Cristiana Tullio-Altan, Paolo Pozzesi

“O filme, pertencente à fase maoísta de seus diretores, compõe-se de uma série de pequenos esquetes em que as noções de “realidade”, “família”, “universidade” e “sexo” são analisadas mediante o pensamento político revolucionário, em que as propostas teoréticas de Louis Althusser sobre os Aparelhos Ideológicos de Estado ocupam um lugar de destaque, em especial no que se refere à importância efetiva do processo de interpelação midiática na transmissão de ideológicas dominantes e opressivas.”

Classificação Indicativa livre

British Sounds, de Grupo Dziga Vertov 
(Reino Unido,1969, cor, 50')

“Questionando o que se passava com a classe trabalhadora inglesa da década de 1960, o documentário se assemelha esteticamente com os desafios dos trabalhadores em busca de uma nova forma de organização para sobrepor as opressoras formas conservadoras. Um compilado de uma linha de montagem, uma mulher nua, metalúrgicos conversando, o manifesto comunista sendo lido e lembranças da revolta camponesa na Inglaterra.”

Classificação Indicativa livre

 

Dia 24/08: Aula 2

Santa Klaus Has Blue Eyes (Le Père Noël a les yeux bleus), de Jean Eustache
(França, 1966, preto e branco, 47')

Com: Jean-Pierre Léaud, Jean Eustache

Daniel é um rapaz que precisa de dinheiro para comprar uma peça de roupa que está querendo. Ele vai descolar um trabalho como Papai Noel, na galeria de um fotógrafo. O que ele não sabia, é que a nova vestimenta faz a tarefa de conhecer novas meninas ficar muito mais fácil.

 

Dia 31/08: Aula 3

Notícias da Antiguidade Ideológica: Marx, Eisenstein, O Capital – Parte II: Todas as Coisas são Homens Enfeitiçados (Nachrichten aus der ideologischen Antike - Marx/Eisenstein/Das Kapita), de Alexander Kluge

(Alemanha, 2008, cor, 120')

Com: Hans Magnus Enzensberger, Tom Tykwer, Joseph Vogl, Werner Schroeter

Documentário baseado no projeto inacabado do diretor russo Sergei Eisenstein de filmar O Capital, de Karl Marx, a partir da estrutura literária de Ulisses, de James Joyce.  Realizado em 2008, no auge da crise financeira mundial, Notícias é uma obra-prima polimórfica que, a partir de uma montagem extremamente original, reflete sobre a atualidade do pensamento de Marx na sociedade capitalista contemporânea em que vivemos.

Classificação Indicativa: 14 anos

 

Dia 14/09: Aula 4

Pink Flamingos, de John Waters
(EUA, 1972, cor, 93')

Com: Channing Wilroy, Cookie Mueller, Danny Mills.

O filme conta a trajetória da drag-queen Divine, e sua família na competição contra o casal Connie e Raymond Marble, pelo título de "pessoas mais sórdidas do mundo", insensatamente almejado.

Classificação Indicativa: 18 anos

 

Dia 21/09: Aula 5

Blue, de Derek Jarman
(Reino Unido, 1993, cor, 79')

Com: Derek Jarman, Nigel Terry, Tilda Swinton

Um filme monocromático inspirado nas idéias do pintor francês Yves Klein e em reflexões pessoais sobre a arte, poesia, memória, tempo e a morte.

Classificação Indicativa: 15 anos

Dia 28/09: Aula 6

Black Panthers, de Agnès Varda
(França, 1968, preto e branco, 26')

Com: Huey P. Newton

No verão de 68, os Panteras Negras, de Oakland (Califórnia), organizaram vários debates de conscientização em torno do processo de um de seus líderes, Huey Newton. Eles queriam – e conseguiram – chamar a atenção dos americanos e mobilizar as consciências negras, durante esse processo político. Neste sentido, deve-se realmente datar este documento: 1968.”

Classificação Indicativa livre

Zumbi somos nós, de Frente 3 de Fevereiro 
(Brasil, 2006, cor, 52')

Zumbi Somos Nós propõe uma reflexão sobre questões raciais na sociedade brasileira contemporânea e a criação de estratégias artísticas para responder a estas questões, inscrevendo na vida cotidiana novas formas de olhar, pensar e agir.

Classificação Indicativa: 14 anos.


Dia 05/10: Aula 7

De L’Autre Côté, de Chantal Akerman
(FRA/BELG/AUS/FIN, 2002, cor, 100')

Concentrando-se na perseguição sofrida pelos mexicanos que adentram ilegalmente nos EUA, eis um retrato das fronteiras como fonte de intolerância e crueldade. Jovens perdidos, desamparados e errantes pelo deserto; famílias desfeitas, memórias rompidas, diversos testemunhos colhidos entre americanos e latinos, pessoas separados pelos abismos da cultura.

Saute ma Ville, de Chantal Akerman
(Bélgica, 1968, preto e branco,13')

Uma jovem se isola em seu apartamento e vai em busca de respostas por um estranho caminho. Assim ela disperdiça a noite no seu apartamento.

 

Dia 19/10: Aula 8

Triste Trópico, de Arthur Omar
(Brasil, 1974, cor, 80')
Com voz de: Othon Bastos

Triste Trópico (título que faz alusão ao livro de Claude Lévi-Strauss) conta a trajetória do médico Arthur, que após estudar na Europa, volta ao Brasil e acaba se transformando em uma figura messiânica. Seus passos são narrados pela voz, por vezes irônica, de Othon Bastos, mesclando-se com as imagens documentais trazidas pelo diretor Arthur Omar.

Congo, de Arthur Omar
(Brasil, 1972, preto e branco, 12')

O filme se propõe a ser um “filme em branco”, uma crítica do olhar colonizador da Antropologia, a qual reduziria a violência inerente às práticas populares a simples descrições científicas. Aqui Omar opera uma espécie de regressão propositadamente selvagem: o vídeo deixa de funcionar como um instrumento de saber e se converte num dispositivo de transferência perceptiva, pelo qual podemos, num certo sentido, vivenciar a experiência do outro como alguém que faz parte dela.

 

Dia 26/10: Aula 9

Ossos, de Pedro Costa 
(PORT/DIN/FRA, 1997, cor, 97')

Com: Mariya Lipkina, Nuno Vaz, Vanda Duarte, Isabel Ruth

Nas ‘’Fontainhas’’, um bairro negro do subúrbio de Lisboa, um casal de jovens acaba de ter um filho. A criança, com poucos dias de vida, vai sobreviver a várias mortes. Tina, sua jovem mãe, desespera e abre o gás. É salva pelo pai da criança, que a leva consigo, mendigando, dormindo na rua e dando a beber à criança leite oferecido por caridade. Por duas vezes se tenta: vender o filho, por desespero, por amor, por qualquer coisa. Tina, que não o esquece, junta-se com a malta da rua e vai em busca de vingança. Uma assistente social perde-se no labirinto.

 

Dia 09/11: Aula 10

Ken Park, de Larry Clark
(Estados Unidos, 2002, cor, 96')

Com: James Ransone, Bill Fagerbakke, Amanda Plummer

A rotina de quatro adolescentes da cidade de Visalia, Califórnia. Embora conversem o tempo todo, cada um dos personagens não sabe dos problemas enfrentados pelos outros.

Classificação Indicativa: 18 anos

 

Dia 23/11: Aula 11

Level Five, de Chris Marker
(França, 1997, cor, 106')

Com: Catherine Belkhodja, Kenji Tokitsu, Nagisa Ôshima

Laura é uma programadora de computador que precisa finalizar um jogo de estratégia iniciado por seu falecido ex-amante. Suas dificuldades se concentram no nível cinco do jogo, a histórica Batalha de Okinawa. Esta foi uma das mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial: após o combate com as tropas americanas, sem alimentos e abandonados pelo governo, o Exército Imperial japonês induziu a população local ao suicídio coletivo como alternativa à rendição.

Anônimo - L’Ambassade ( L’Ambassade), de Chris Marker

(França, 1973, cor, 20')

Naquele tempo, em caso de golpe de estado, às vezes os oponentes políticos se refugiavam dentro das embaixadas.

 

Dia 30/11: Aula 12

La Hora de los Hornos, Neocolonialismo y Violencia, de Fernando E. Solanas e Octavio Getino
(Argentina, 1968, preto e branco, 88')

Com as vozes de: Edgardo Suárez, Fernando E. Solanas.

Atual e profético, as preocupações e alertas de Pino Solanas nesta trilogia em 1968 não foram ouvidas e se transformaram nas calamidades que conhecemos durante as décadas seguintes. O conjunto de documentários mostra a História Moderna da América Latina.

Political Advertisement, nº 8, 1952-2012, de Antoni Muntadas e Marshall Reese 
(2012, cor, 15')

Em algum momento no início de 1950, vendedores ambulantes da Madison Avenue perceberam que podiam vender os candidatos políticos como qualquer outro produto, uma pastilha de garganta ou lenço de papel.Essa fascinante antologia, que foi atualizada para incluir os anuncios da campanha presidencial de 2012.

 

Dia 07/12: Aula 13

Vídeogramas de uma Revolução (Videogramme einer Revolution), de Harun Farocki 

(ALE/ROM, 1992, cor, 106')

Com:  Elena Ceausescu, Nicolae Ceausescu, Thomas Schultz

No outono de 1989, uma rebelião popular derrotou a ditadura de Nicolau Ceausescu, pondo fim ao regime comunista que vigorara por mais de quatro décadas na Romênia. Durante cinco dias, manifestantes ocuparam a estação de televisão estatal em Bucareste e transmitiram 120 horas contínuas de programação, levando aos espectadores uma cobertura da revolução em tempo real. 

Classificação Indicativa: 14 anos

In Comparison, de Harun Farocki
(Alemanha, 2009, cor, 61')

O documentário mostra a confecção de tijolos em diferentes culturas, retratando desde processos rústicos e artesanais até sofisticadas produções em escala industrial. Enquanto temos sociedades em que os avanços tecnológicos são uma realidade incontestável, em outras comunidades se tem a impressão que o tempo parou.

Dia 14/12: Aula 14

Venom and Eternity (Traité de Bave et d'Éternité) , de Isidore Isou
(França, 1951, preto e branco, 120')

Le Film est dèjá Commence?, de Maurice Lemaître
(França, 1951, preto e branco, 59')

A pink moving screen will stand at the entrance to the theatre, in the night. One hour before the screening a projectionist will show Griffith’s Intolerance on this screen. The start of the film will be announced at 8.30 but no one will enter before 9.30. During these 60 minutes of waiting, people on the first floor of the building will shake out very dusty carpets, and someone else will throw ice water on the heads of those spectators waiting for the screening. Some actors who have infiltrated the crowd will insult other actors on the first floor. At this moment only, and to stop the beginning of a scandal, the doors of the theatre will open…

 

Dia : Aula 15

A study of relationship between inner and outer space, de David Lamelas
(1969, preto e branco, 24')

David Lamelas analisa – com certo senso de humor – o ambiente de um espaço expositivo) e o compara à cidade que o rodeia, Londres. A partir disso, Lamelas comenta criticamente os mecanismos de relação propostos e exercidos pelas instituições artísticas entre o espaço próprio e as proximidades, o interno e o externo, e também a relação do público não especializado com aquilo que significa a galeria enquanto símbolo urbano e social. 

The Dictator, de David Lamelas 
(1978, cor, 15')

Com: Hildegarde Duane, David Lamelas

David Lamelas adota a persona do coronel Riccardo Garcia Perez, 'ditador, poeta, revolucionário "e deposto presidente da ilha latino-americana fictícia de St Ana. Aqui, ele responde a perguntas de sondagem de Barbara Lopez (Hildegarde Duane) para o programa de notícias de televisãoNewsmakers. Estas dizem respeito a seu tratamento de "subversivos" em St Ana, seus planos para voltar para a ilha e as circunstâncias misteriosas cercam o 'acidente trágico "levando à morte de suas três esposas.

Agripina é Roma Manhattan, de Helio Oiticica
(Estados Unidos, 1972, cor, 23')

"Na imponente arquitetura de Manhattan e Wall Street, como numa Roma neoclássica, mulher de vermelho e personagens airosos tentam a sorte, postados ambiguamente entre o mais mundano afã e alguma transcedência mítica."

 

Streamside Day, de Pierre Huyghe
(2003, cor, 26'),

This is not a time for dreaming, de Pierre Huyghe
(2004, cor, 24')

Convidado a realizar um trabalho artístico em comemoração aos 40 anos do edifício do Carpenter Center for the Visual Arts na Universidade de Harvard, o artista multimídia francês Pierre Huyghe criou um teatro de marionetes, cujo registro filmado se chamou This is not a time for dreaming (Não é tempo de sonhar).

Untitled (Human Mask), de Pierre Huyghe
(França, 2014, cor, 19')

Untitled (Human Mask) is a 19-minute film that opens with footage of a deserted Fukushima in the aftermath of the 2011 tsunami. In the scenes that follow, a macaque monkey — trained as a waitress and wearing the mask of a young woman — appears alone in an empty Japanese restaurant. Waiting amid the dystopian setting for her moment to perform, the monkey seems trapped within her defunct routine, forced to enact the human condition.

Middlemen, de Aernouk Mik
(2001, cor, loop)

Osmosis and Excess, de Aernouk Mik
(2005, cor, loop)

Communitas, de Aernouk Mik
(2011, cor, loop)

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