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Cine Metrópolis lamenta a morte do cineasta Orlando Bomfim Netto (1941-1981)

Créditos: Bianca Sperandio

A Secretaria de Cultura da UFES, por meio do Cine Metrópolis, lamenta a morte do cineasta Orlando Bomfim, netto (1941-2021) falecido esta segunda-feira (19/07), no Rio de Janeiro, onde vivia há cerca de um ano.

Mineiro de nascimento mas criado no Rio de Janeiro, este filho de capixabas de Santa Teresa iniciou sua carreira em 1969 com a realização do curta-metragem “Status 69”, que concorreu no Festival de Cinema Amador JB Mesbla daquele ano. Nos anos seguintes trabalhou com o produtor Roberto Farias em produções como "Toda nudez será Castigada" (1972), de Arnaldo Jabor, e "A Rainha Diaba" (1974), de Antonio Carlos da Fontoura, entre outras.

A partir de 1975 inicia, com o premiado curta-metragem “Tutti tutti buona gente, propriamente buona...”, no qual retrata o centenário da imigração italiana, uma série de documentários produzidos no Espírito Santo, para onde se transfere definitivamente no início de 1980. O filme recebeu o prêmio Coruja de Ouro e o Troféu Humberto Mauro da Embrafilme em 1976 e foi exibido internacionalmente nos festivais de San Sebastián, na Espanha (1976),  e Manheim, na Alemanha (1976).

Com um olhar atento às questões políticas do período, representadas na história e na força da cultura popular capixabas, Orlando Bomfim, netto produziu e dirigiu os seguintes títulos: “Mestre Pedro de Aurora – Pra ficar menos custoso (1978), “Canto para a liberdade – A festa do Ticumbi” (1978), “Itaúnas desastre ecológico (1979), “Augusto Ruschi Guainunbi (1979), “As paneleiras do barro (1983) e “Dos Reis Magos dos Tupiniquins (1985). Seus filmes foram exibidos nos cineclubes da UFES ao longos dos anos e, por último, o Cine Metrópolis exibiu, com a presença do diretor, em 26 de outubro de 2018, uma programação especial com seis de suas obras restauradas.

Sua atuação política também foi intensa. No Rio de Janeiro, integrou a Associação Brasileira de Documentaristas (ABD). Já no Espírito Santo, foi fundador e primeiro presidente da ABD Capixaba, no ano 2000. Foi ainda diretor da Rádio e Televisão Espírito Santo (RTV-ES), diretor do Departamento Estadual de Cultura (DEC) nos anos 1980 e um dos principais articuladores da Lei Rubem Braga (lei de incentivo à cultura do município de Vitória, criada em 1991), na qual trabalhou posteriormente como secretário-executivo.

Seguiu sua trajetória no curta-metragem realizando a ficção “Linhas Paralelas” (2010) e os documentários “Casaca” (2013), sobre as origens do instrumento musical capixaba, e “A história oculta” (2014), no qual revisita o desaparecimento político de seu pai, o jornalista Orlando Bomfim, pelo regime militar em 1975. Ele realizou ainda, no Rio de Janeiro, o importante documentário “O bondinho de Santa Tereza” (1977).

Sete dos seus filmes produzidos entre 1975 e 1985 foram restaurados em 2017 pelo projeto Acervo Capixaba – Orlando Bomfim, netto, com idealização e coordenação de Marcos Valério Guimarães e apoio do Fundo de Cultura do Espírito Santo (Funcultura-ES). As cópias restauradas foram exibidas no 50° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (2017), no Arquivo em Cartaz – Festival Internacional de Cinema de Arquivo (2017) e na 13ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto (2018). Em 2013 o cineasta foi homenageado pelo 20° Festival de Cinema de Vitória. Em junho de 2018 foi homenageado no 4° Cine.Ema – Festival de Cinema Ambiental e Sustentável do Espírito Santo, em Burarama, Cachoeiro de Itapemirim. Em novembro daquele ano também seria tema da mostra “Imagens para a Liberdade – Retrospectiva Orlando Bomfim, netto”, com curadoria de Maria Ines Dieuzeide e Vitor Graize, exibida no Centro Cultural Sesc Glória, em Vitória.

Créditos da imagem: Bianca Sperandio

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